Jesse Owens: o atleta negro que derrotou o nazismo nas Olimpíadas de 1936

27/06/2024 às 20:002 min de leituraAtualizado em 27/06/2024 às 20:00

Apontado como um dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos, Jesse Owens fez história nas Olimpíadas de 1936 em Berlim, na Alemanha. O evento, que seria usado por Adolf Hitler para promover a “raça superior” ariana, teve como destaque o velocista negro dos Estados Unidos.

Nascido na cidade de Oakville (Alabama) em 1913, James Cleveland Owens se mostrava um fenômeno do atletismo nas competições juvenis. Disputando torneios universitários em 1935, ele estabeleceu novos recordes mundiais em três categorias, mesmo não podendo se dedicar totalmente à carreira esportiva.

Jesse Owens em ação no Estádio Olímpico de Berlim. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Jesse Owens no Estádio Olímpico de Berlim. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Com o desempenho, o jovem fez parte da delegação americana nos Jogos de Berlim, um ano depois. Vale destacar que a competição quase não foi sediada no território alemão, pois Hitler não via valor no evento e vários países ameaçam boicotá-lo, diante da crescente discriminação contra os judeus.

No entanto, o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, convenceu o líder do partido, argumentando que as Olimpíadas de 1936 poderiam promover as causas nazistas. Cercada de desconfianças, a competição iniciou no dia 1º de agosto daquele ano.

As conquistas de Jesse Owens em 1936

Owens ganhou quatro medalhas de ouro em Berlim. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Owens ganhou quatro medalhas de ouro em Berlim. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

O primeiro ouro de Owens aconteceu em 3 de agosto, na prova dos 100 m rasos, enquanto no dia seguinte ele derrotava o favorito alemão, Luz Long, no salto em distância. Já no dia 5, veio a vitória nos 200 m rasos e, no dia 9, a consagração no revezamento 4x100 m, tudo isso com Hitler nas arquibancadas do Estádio Olímpico.

Dessa forma, Jesse Owens se tornou o primeiro atleta dos EUA a conquistar quatro medalhas de ouro em uma mesma Olimpíada, feito que permaneceria até 1984. Mas as conquistas esportivas não foram as únicas vitórias do atleta negro.

Enquanto estava na Alemanha, o campeão olímpico se hospedou no mesmo hotel que os esportistas brancos e andou junto com eles, algo que não acontecia em seu país, devido à segregação racial. Além disso, manteve a amizade com o medalhista de prata, Long, após a competição.

Desprezo na volta para casa

Hitler não parabenizou Owens pelas medalhas de ouro. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Hitler não parabenizou Owens pelas medalhas de ouro. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Apesar da fama alcançada nas Olimpíadas, ele se deparou com a mesma sociedade segregadora ao retornar para os EUA. Em entrevistas, o atleta reclamou que não conseguia andar na parte da frente dos ônibus e se mostrou chateado por não ter sido recebido pelo então presidente americano, Franklin D. Roosevelt.

O reconhecimento veio apenas em 1976, quando o presidente Gerald Ford lhe concedeu a Medalha Presidencial da Liberdade. Fora do esporte, Owens abriu uma empresa de lavagem a seco, escreveu livros, atuou como embaixador da boa vontade e secretário da Comissão Atlética do Estado de Illinois. Ele morreu em 1980, aos 66 anos.

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