Floyd Collins virou uma celebridade ao passar 17 dias soterrado

16/04/2023 às 02:003 min de leitura

A verdade é que nem a pessoa mais experiente está imune de ser vítima da própria especialidade, ou, em alguns casos, da imprevisibilidade da vida. Assim foi com os renomados vulcanólogos Katia e Maurice Kraft, que passaram a vida estudando e visitando vulcões, estando à beira de 1.200 °C, e morreram em um fluxo piroclástico no Monte Unzen, no Japão, em 3 de junho de 1991. A tragicamente bela história do casal foi indicada ao Oscar 2023 pelo documentário Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft.

A história de Floyd Collins, nascido em 20 de junho de 1887, no Condado de Logan, Kentucky (EUA), segue pelo mesmo caminho trágico do casal de vulcanólogos, só que com requintes agonizantes e sem uma história de amor que envolve “até que a morte os separe”, como foi no caso dos Kraft.

Muito pelo contrário, Floyd Collins ficou preso em uma caverna por 17 dias e a mídia acompanhou sua lenta e horrível morte enquanto o resgate tentava salvar sua vida.

Um homem ambicioso

Floyd Collins. (Fonte: NPS/Reprodução)Floyd Collins. (Fonte: NPS/Reprodução)

Os pais de Collins eram donos de um terreno agrícola próximo à Mammoth, o sistema de cavernas mais conhecido do mundo, com mais de 591 km de extensão, que até hoje é destino de muitos curiosos e aventureiros.

Naturalmente, o homem cresceu rondando o sistema, sempre querendo descobrir mais e ir mais longe e mais fundo. Não é para menos que descobriu a caverna de Cristal sob a fazenda da família, em meados de 1917.

A essa altura, o hobby de Collins, na época com 30 anos, já havia se tornado um meio de lucro, tanto que, rapidamente, ele transformou a caverna em uma atração turística para aqueles a caminho de Mammoth. Mas ele não era o único no ramo — outras pessoas também estavam fazendo o mesmo por trás de empresas grandes que divulgavam em todo o país seus passeios guiados.

(Fonte: NPS/Reprodução)(Fonte: NPS/Reprodução)

A década de 1920 ficou conhecida como "Guerra das Cavernas" nos EUA, quando empresários escrutinaram o Kentucky em busca de cavernas para comercializá-las para o turismo. A ambição de Collins o fez procurar por uma nova caverna, visto que a caverna dos Cristais não estava dando lucro, e foi assim que encontrou uma localizada na propriedade de um fazendeiro chamado Beesly Doyel, com quem firmou sociedade.

Ele se animou com a nova descoberta porque a caverna ficava ainda mais a caminho de Mammoth, portanto, o sucesso era quase certo em atrair o público. Sand Cave foi o nome que os sócios deram para o local, que se tornou internacionalmente conhecido não pelo seu lucro, mas por tomar a vida de Collins da pior maneira possível.

O pior legado

(Fonte: Moderskeppet/Reprodução)(Fonte: Moderskeppet/Reprodução)

O dia fatídico foi 30 de janeiro de 1925, quando Collins entrou na Sand Cave pela primeira vez com apenas uma lamparina e se deparou com o "ouro" das cavernas daquele período: um coliseu subterrâneo de 25 metros de altura a apenas 90 metros da entrada. A imagem que garantiria seu sucesso sumiu assim que a lamparina começou a piscar. Ele se apressou para a saída, mas, como em uma cena de filme, a lamparina caiu e, no que tentou agarrá-la, fez desmoronar uma pedra de 12 quilos sobre suas pernas.

Demorou 24 horas para que Collins fosse descoberto preso na caverna pelo filho de Doyel. A notícia rapidamente se espalhou pela cidade, reunindo uma multidão entre curiosos pelo resgate e benfeitores dispostos a ajudar o homem.

(Fonte: eBay/Reprodução)(Fonte: eBay/Reprodução)

À medida que os dias foram virando semanas, a tentativa de resgate de Floyd Collins se tornou um espetáculo angustiante, alcançando até o público fora do Kentucky. Era o que o explorador esperava com seu empreendimento, mas jamais naquelas circunstâncias. Engenheiros, geólogos, espeleólogos e mineiros até conseguiram alcançá-lo, mas os esforços em tirá-lo de lá falharam miseravelmente.

E o que se tornava o caixão de Collins a cada instante também se transformou em um circo dos horrores que pessoas aproveitavam para lucrar às custas de sua desgraça, com encomendas de viagens para vê-lo, venda de comida, bebidas e até souvenires para a plateia de mais de 50 mil pessoas presente no local diariamente.

(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)

O jovem repórter William Burke Miller, do Louisville Courier-Journal, ganhou um prêmio Pulitzer pelas entrevistas que fez com Collins até 4 de fevereiro, quando parte do teto da caverna desabou e o isolou de seus salvadores. Em 16 de fevereiro, Floyd Collins foi retirado sem vida por meio de um poço recém-fabricado por equipes de resgate.

Foi assim que ele conseguiu fazer de sua caverna um local famoso, atraindo turistas até hoje para ouvirem sobre sua história de ambição que acabou em tragédia.

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