Quanto maior, melhor? Afinal, por que as girafas têm pescoços compridos?

Em um estudo recente, publicado na revista Mammalian Biology, uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, parece ter dado uma resposta definitiva à icônica questão: por que as girafas têm pescoços tão compridos?

Contrariando a hipótese dominante, conhecida como “necks-for-sex” ("pescoços por sexo", em tradução livre), os autores afirmam que a evolução do pescoço longo da girafa-masai (Giraffa tippelskirchi) está relacionada à busca por comida, exatamente como propunha Charles Darwin em meados do século XIX.

O argumento para contestar a tradicional teoria de que a competição entre machos teria influenciado o comprimento do pescoço desses herbívoros veio da descoberta, feita na nova pesquisa, de que as girafas fêmeas "têm pescoços proporcionalmente mais longos em relação às patas dianteiras do que os machos", afirma o estudo.

Como os pesquisadores comprovaram a tese do acesso à comida?

Na testagem de suas hipóteses, os autores analisaram milhares de fotos de girafas-masai em cativeiro, compartilhadas em repositórios públicos de fotos, como o Flickr e o SmugMug, além de fotos de animais adultos selvagens tiradas por eles próprios nos últimos dez anos. Para superar a dificuldade de obter as medidas absolutas, eles trabalharam com medidas relativas, como a relação entre o comprimento do pescoço e a altura total do animal.

Para compreender quando as girafas machos e fêmeas começam a apresentar diferenças de tamanho e perceber se há dismorfismo sexual, os pesquisadores identificaram os indivíduos pelo seu padrão único de manchas. Eles também obtiveram o pedigree completo de todas as girafas-masai habitantes de zoológicos e parques de vida selvagem da América do Norte.

A conclusão foi que as girafas machos e fêmeas nascem com as mesmas proporções corporais. De acordo com a pesquisa, os machos geralmente crescem mais rapidamente no primeiro ano, mas ainda sem diferenças corporais significativas. No entanto, essas discrepâncias sutis entre machos e fêmeas se tornam mais proeminentes a partir dos três anos, quando se inicia a maturidade sexual.

Conclusões e importância das novas descobertas 

A pesquisa mostrou que, entre as girafas adultas, as fêmeas têm pescoços e troncos proporcionalmente mais longos, ao passo que os machos adultos têm patas dianteiras mais compridas e pescoços mais largos. O padrão se repetiu nos animais em cativeiro e nos observados na natureza. 

Quando as fêmeas chegam ao quatro ou cinco anos, explica Cavener em um release, elas geralmente estão grávidas ou amamentando e penetram profundamente nas matas, em vez de se esticar para comer as folhas dos galhos mais altos. 

"Se o forrageamento das fêmeas está impulsionando essa característica icônica [crescimento do pescoço] como suspeitamos, isso realmente destaca a importância de conservar seu habitat, hoje cada vez mais escasso", conclui o pesquisador.