O maior ser vivo do mundo está "falando" — e nós podemos ouvi-lo!

17/09/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 17/09/2024 às 18:00

Imagine ouvir um dos maiores e mais antigos seres vivos do planeta. Um organismo gigante, com mais de 12 mil anos, finalmente "falando" através de suas folhas e raízes. Esse ser incrível é Pando, uma floresta feita de um único álamo-tremedor — uma espécie de árvore caducifólia do gênero Populus, pertencente à família Salicaceae —, com mais de 47 mil troncos idênticos e uma rede subterrânea de raízes que abrange 40 hectares em Utah, nos Estados Unidos. 

Recentemente, pesquisadores e artistas uniram forças para captar os sons desse gigante natural, revelando uma nova forma de compreendê-lo. O projeto, liderado pelo artista sonoro Jeff Rice, usou hidrofones para registrar o som dentro das raízes do Pando. Durante uma tempestade, as vibrações aumentaram, criando um som grave e misterioso. “O que você está ouvindo, são milhões de folhas vibrando na árvore, com o som descendo pelos galhos até chegar à terra”, explicou Rice.

O mistério das raízes

(Fonte: Reprodução/Friends of Pando)
Pando, a floresta de álamos, possui mais de 47 mil troncos idênticos. (Fonte: Reprodução/Friends of Pando)

As obras gravadas pelo artista transcendem o conceito de arte — elas revelam um possível caminho para estudos científicos. Lance Oditt, fundador do projeto Friends of Pando, vê grande potencial no uso dos sons para investigar o funcionamento hidráulico do ser. A vibração do vento, convertida em som e transmitida pelo sistema de raízes, pode revelar segredos dessa rede subterrânea sem a necessidade de escavação. "Embora tenha começado como arte, vemos um potencial enorme para a ciência", conta Oditt.

Um dos momentos mais interessantes do estudo aconteceu quando Rice captou o som de toques em um galho a 27 metros de distância, algo inaudível pelo ar. Isso reforça a ideia de que as raízes estão profundamente interligadas, característica comum entre colônias do álamo-tremedor. No entanto, o que torna esse organismo tão fascinante é a magnitude e a idade, fazendo com que essas descobertas sejam ainda mais valiosas. 

Essa interconexão das raízes é característica da espécie, que geralmente se reproduz de forma assexuada, criando clones de si mesmos em vez de usar sementes. No caso do Pando, esse sistema tem funcionado por milênios, tornando-o o maior organismo vivo do planeta em termos de massa, com aproximadamente 6 mil toneladas.

O futuro do gigante tremedor

(Fonte: Leah Hogsten/The Salt Lake Tribune)
Pesquisadores planejam usar dados obtidos para entender mais sobre o ecossistema. (Fonte: Leah Hogsten/The Salt Lake Tribune)

Apesar de sua grandiosidade, Pando está em declínio. O desmatamento e a ação humana, como a caça de predadores naturais que controlam a população de herbívoros, têm ameaçado a saúde da floresta. Oditt e Rice esperam que as gravações dos sons ajudem a monitorar a saúde do organismo e do ecossistema ao seu redor. "Os sons são um registro da biodiversidade local e fornecem uma linha de base que pode ser medida contra mudanças ambientais", explicou Rice.

Além dos sons das raízes, Rice também captou as vibrações das folhas, da casca e do ambiente ao redor, trazendo novas possibilidades de estudo para a preservação do Pando. O plano é usar os dados para entender melhor o movimento da água, as colônias de insetos e até a profundidade das raízes, áreas ainda pouco exploradas.

Enquanto os cientistas e artistas trabalham para desvendar os segredos do “Gigante Tremedor”, uma coisa é certa: ouvir o Pando é mais do que apenas um ato de curiosidade; é uma oportunidade de preservar sua existência e compreender melhor o papel crucial que esse gigante desempenha na natureza.

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