Jacu-cigano: o que torna essa ave da bacia amazônica tão incomum?

12/06/2024 às 20:002 min de leituraAtualizado em 12/06/2024 às 20:00

Tem tamanho de uma galinha, e muitas outras características que tornam essa ave muito diferente das outras: estamos falando do jacu-cigano, que também atende por outros nomes, como catingueira, hoa-zim e aturiá. Curiosamente, a espécie também foi apelidada de vaca-voadora, e há alguns motivos que explicam isso.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O jacu-cigano se alimenta de folhas, e muito raramente de insetos. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Características incomuns do jacu-cigano

Trata-se de uma espécie que habita a bacia amazônica, e para muitos, o jacu-cigano é considerado como um dos mais estranhos dessa região. Isso porque ele parece se mover de forma um tanto quanto desengonçada, e para piorar, mal consegue voar. Mas um fato que muitos não sabem é que a ave partilha de uma semelhança com as vacas e também pertence ao grupo dos animais ruminantes.

Ou seja, é por meio da fermentação bacteriana que se dá a digestão dos alimentos que consomem, mas enquanto os mamíferos contam com uma bolsa especial para realizar esse trabalho, o jacu-cigano apresenta papo e esôfago maiores, adaptados justamente para essa função.

Assim, com uma dieta rica em folhas, as aves iniciam seu processo de digestão no papo. As bactérias que existem nessa área, inclusive, são numerosas. Mas em se tratando da natureza, como tudo gera um efeito, não é demais dizer que esses animais liberam um odor bastante desagradável. Na prática, isso afasta potenciais predadores, incluindo os seres humanos.

A digestão da jacu-cigano leva, em média, 45 horas para ser concluída. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A digestão do jacu-cigano leva, em média, 45 horas para ser concluída. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Além de garras nas asas, a ave também esconde mistérios

Mas além dessa digestão especial, o jacu-cigano possui garras em suas asas que mostram sua utilidade quando a ave se encontra em sua fase mais jovem: desde os primeiros meses de vida, elas se formam e auxiliam em diversos cenários, como quando um filhote cai do ninho e precisa subir na árvore para retornar ao seu lar. À medida que as aves envelhecem, essas garras somem.

Inclusive, essa característica tão intrigante fez com que pesquisadores cogitassem uma relação entre as aves jacu-cigano e a mais antiga espécie de animal voador da era dos dinossauros, que viveu há 150 milhões de anos e já foi extinta: o arqueoptérix. Mas o fato é que eles, assim como galinhas e patos, também possuem essas garras funcionais. Ou seja, esse traço, em específico, é partilhado entre outras espécies.

Ainda vale destacar uma última informação: o jacu-cigano figura como a última espécie da família Opisthocomidae e não possui parentes próximos. Pesquisadores ainda descobriram que sua linhagem acabou se ramificando por volta de 64 milhões de anos atrás, mas ainda assim, pouco se sabe sobre a sua carga evolutiva.

No final das contas, a conclusão é que todas essas incógnitas que pairam a espécie contribuem com essa visão de que o jacu-cigano é tão interessante.

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