Renée Vivien: a poetisa sáfica que escandalizou a Paris da Belle Époque

07/06/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 07/06/2024 às 08:00

Renée Vivien, poetisa britânica que escolheu morar em Paris e escrever em francês, é uma figura intrigante e complexa, cuja vida e obra transcenderam as normas sociais e literárias de sua época. Nascida Pauline Mary Tarn em 1877, em Londres, ela trocou a sobriedade inglesa pelo vibrante cenário artístico parisiense, adotando um novo nome e uma nova identidade. 

Vivien chegou a Paris com uma herança robusta, oriunda de seu pai, que lhe proporcionou a liberdade de viver de maneira independente e de seguir sua paixão pela poesia. Aos 16 anos, ela já declarava a poesia como sua vocação, vendo nela uma ferramenta poderosa para elevar, inspirar e revelar verdades. 

Esse profundo senso de missão refletiu-se em toda sua obra, que desafiava as normas literárias e sociais ao expressar de forma explícita e poética o amor entre mulheres. Renée Vivien se tornou um ícone do amor sáfico, marcando a história com sua poesia profundamente sentimental e sua vida cheia de excessos e controvérsias.

Relacionamentos inspiradores

Renné era uma mulher muito a frente de seu tempo. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)
Renée era uma mulher muito a frente de seu tempo. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Seu relacionamento com Natalie Clifford Barney, uma famosa dramaturga e escritora, foi um dos mais significativos de sua vida. Barney, uma mulher igualmente notável, rejeitava a monogamia e vivia abertamente como lésbica, influenciando profundamente Vivien

Juntas, compartilharam um amor pela poetisa grega Safo (entre 630 e 604 a.C.), cuja obra foi uma inspiração central para Vivien. Ela se empenhou tanto que aprendeu grego antigo para traduzir e reescrever os poemas de Safo, publicando a primeira tradução explicitamente lésbica da poesia da antiga poeta.

Além de Barney, Vivien teve outros romances intensos e muitas vezes trágicos. Um de seus amores mais profundos foi com a baronesa Hélène van Zuylen, uma mulher casada e membro da famosa família Rothschild. Apesar das restrições sociais que impediam que seu relacionamento fosse público, Vivien considerava-se casada com Hélène. 

No entanto, a relação terminou dolorosamente quando Hélène a deixou por outra mulher, levando Vivien a uma espiral de depressão e vícios.

Vivien também teve um relacionamento apaixonado com Kérimé Turkhan Pasha, esposa de um diplomata turco, mas as restrições culturais e sociais impediram que seu amor se realizasse plenamente. Na verdade, a interação entre as duas só ficou contida a conversas por meio de cartas.

Todas essas experiências amorosas intensas e muitas vezes dolorosas foram imortalizadas em seus poemas, que frequentemente exploravam temas de desejo, saudade e perda.

Uma mulher moderna, exótica e intensa

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Renée Vivien fotografada por Sehab & Joaillier em c.1901. (Fonte: Wikimedia Commons)

Renée Vivien não só se destacou por sua poesia, mas também por seu estilo de vida extravagante. Ela era conhecida por suas roupas opulentas, frequentemente inspiradas na arte pré-rafaelita, e por manter um zoológico de animais exóticos, incluindo uma leoa de estimação chamada Djuna. 

Sua vida social era igualmente notável, cercada por figuras proeminentes da Belle Époque como a escritora Colette e a própria Barney.

A vida de Renée Vivien foi curta, mas cheia de intensidade. Ela morreu aos 32 anos, após anos de luta contra a depressão, anorexia e vícios (principalmente em álcool e em drogas famosas na época, como o láudano e o cloral). Sua morte prematura não obscureceu sua influência; pelo contrário, solidificou sua posição como uma figura trágica e fascinante da literatura. 

Sua obra poética, marcada por uma mistura de influências decadentes, parnasianas e simbolistas, é um testemunho duradouro de sua tentativa de reescrever mitos antigos a partir de uma perspectiva feminina e lésbica.

Hoje, Renée Vivien é lembrada como uma pioneira que desafiou as convenções de seu tempo. Sua poesia e sua vida continuam a inspirar e a fascinar, oferecendo um olhar raro e sincero sobre o amor sáfico em uma época de grande transformação cultural.

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